Depois de tornar pública a possibilidade de desistir de disputar a reeleição, o presidente Michel Temer abriu os canais para uma eventual aliança com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República. Os dois já conversam sobre os rumos de uma parceria para a disputa e passaram a estreitar os contatos com essa finalidade.
O ex-governador de São Paulo telefonou ao presidente no fim da semana, segundo interlocutores do Palácio do Planalto, e ouviu de Temer que ele seria recebido para uma conversa sobre eventual aliança para a disputa presidencial. A ligação serviu para uma abertura dos diálogos neste sentido, segundo esses interlocutores.
A informação de que Temer e Alckmin conversaram pelo telefone foi publicada neste sábado pela “Folha de S. Paulo” e confirmada tanto pelo Planalto quanto pela assessoria de Geraldo Alckmin ao GLOBO.
O presidente da República tem agenda em São Paulo neste sábado, mas o ex-governador está em viagem. Um encontro, portanto, não ocorreria neste final de semana. Os dois ficaram de se falar ao longo da próxima semana.
Alckmin ainda resistia a fazer um gesto de aproximação dirigido a Temer. Desde a revelação da delação da JBS, o ex-governador de São Paulo considera a aliança com o governo prejudicial aos tucanos e a si próprio para disputar as eleições.
Com baixa popularidade, Temer tem dificuldades para articular uma união de forças políticas para defender seu legado. Só o próprio e Henrique Meirelles, seu ex-ministro da Fazenda, até o momento, seriam capazes de admitir a defesa do governo no desenrolar da campanha.
A proliferação de candidaturas de centro tem dificultado acordos políticos para a eleição deste ano. Pelo menos seis nomes estão em jogo: Alckmin, Álvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (PMDB), Michel Temer (PMDB), Rodrigo Maia (DEM) e Flávio Rocha (PRB).
O gesto de Alckmin é uma tentativa de ganhar musculatura em um momento em que os partidos fazem pressão para diminuir o número de candidatos de centro. Parte dos tucanos entende que é preciso aglutinar forças para ganhar tempo de TV durante o período de propaganda eleitoral e encorpar palanques para sustentar a candidatura — mesmo que a aliança tenha o desgastado PMDB. Afinal, o partido de Temer tem uma vasta capilaridade, com pouco mais de mil prefeituras.
Na sexta-feira, em entrevista à EBC, Temer disse que pode renunciar à candidatura pela reeleição:
— Eu posso não ir para a reeleição na medida em que eu comece a perceber o seguinte: você tem muitos candidatos — disse Temer.
Por enquanto, Jair Bolsonaro (PSL) lidera as pesquisas de intenção de voto sem menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso. Marina Silva (Rede), Joaquim Barbosa (PSB) e Ciro Gomes (PDT) são outros nomes com potencial de crescimento.
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