Há seis anos o fruticultor José Arnor Costa produz bananas no Distrito Irrigado do Baixo Açu (Diba), em Alto do Rodrigues. Atualmente são 12 hectares produzindo 20 toneladas da fruta por mês, que são enviadas para todo o RN, Fortaleza, Recife e João Pessoa. Mas nem sempre foi assim. Quando saiu de Santa Cruz para morar na região, começou como funcionário de outro produtor, trabalhando diretamente no cultivo. Hoje se tornou dono do próprio negócio e, beneficiado com recursos de um projeto do Governo do Estado, quer duplicar a produção de bananas.
“Não tenho vergonha de dizer que cheguei aqui para trabalhar com uma enxada para meu antigo patrão. Hoje sou dono do meu lote, sou fruticultor igual a ele e isso aqui é minha vida. Com os investimentos no sistema de irrigação, quero dobrar minha produção para 40 toneladas de banana por mês”, conta. Arnor é um dos 68 beneficiados pelo Edital de Apoio a Subprojetos de Fruticultura Irrigada, financiado pelo acordo de empréstimo com o Banco Mundial e executado em parceria com a Secretaria de Agricultura.
Oito associações de irrigantes estão sendo beneficiadas e irão receber sistemas de irrigação automatizados, sistema de filtragem e bombeamento de água, novas tubulações, tratores, veículos e novas tecnologias para produzir. Estão sendo aplicados R$ 4,4 milhões com objetivo de mudar a realidade atual dos produtores, que trabalham com equipamentos de irrigação sucateados, de 20 anos atrás.
“Estamos aqui há 20 anos e nunca tivemos nada parecido. Corremos muito atrás, mas nunca apareceu ninguém que olhasse para esse projeto. Os investimentos vão alavancar ainda mais nossa produção, gerar mais emprego e renda para toda a região”, registra o produtor Aldair Vital, no Diba há duas décadas.
Vital é um dos que começou trabalhando numa exportadora de manga, até que resolveu comprar quatro hectares e iniciou a plantação. Esperou mais de quatro anos para colher a primeira safra, mas não parou mais. Hoje é dono de sete lotes, que somam quase 60 hectares de mamão, banana e manga. Atualmente são produzidos por ele e a família 25 toneladas desta fruta por hectare, 150 de mamão e 30 de banana. Seus produtos vão para todo o RN além de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e até Europa e Estados Unidos, via empresa especializada em exportação. A expectativa do produtor é incrementar o cultivo em 30% com os novos equipamentos.
Para o secretário da Sethas e coordenador do projeto junto ao Banco Mundial, Vagner Araújo, as novas tecnologias vão proporcionar não só redução de custos e incremento na produção, mas uma mudança de paradigma para os fruticultores. “Eles irão agregar valor aos seus produtos e poderão sonhar ainda mais alto, gerando maior número de empregos e oportunidades”, frisa.
O produtor Aldeir Pereira conta que o projeto veio em boa hora, para resolver uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos fruticultores do Baixo Açu. “Estamos recebendo o que mais necessitamos, que é um novo sistema de irrigação e bombeamento da água. Vamos diminuir nossos custos de manutenção e assim poder obter um pouco mais de lucro com nossas vendas”, diz.
Obras estruturantes
O Diba é um celeiro de desenvolvimento econômico da fruticultura irrigada, localizado nos municípios de Afonso Bezerra e Alto do Rodrigues, com faturamento de R$ 50 milhões anuais e geração de três mil empregos diretos e indiretos. É lá que se produz 30 mil toneladas de frutas por ano. Além das oito associações selecionadas em edital, o Diba também está recebendo obras estruturantes que irão beneficiar todos os produtores.
Por meio do acordo de empréstimo com o Banco Mundial, o Governo do Estado está recuperando e construindo o canal de irrigação principal, ampliando a rede elétrica, reformando a subestação de energia, construindo reservatórios e sistemas de bombeamento e reformando quatro piscinas, que vão possibilitar a produção de frutas em três mil hectares. A expectativa é que a plantação de banana, mamão, melancia, coco, manga, entre outros, dobre e chegue a 60 mil toneladas por ano e sejam gerados três mil novos postos de trabalho.
Os investimentos estruturantes somam R$ 8,3 milhões e incluem ainda a recuperação de duas estações de bombeamento de água e reconstrução da estrutura elétrica nos 20 km de extensão do canal para fornecimento de energia para 29 lotes de terras. Os impactos serão sentidos muito além dos seis mil hectares do Diba. “Todo o comércio, setor de transporte, infraestrutura, fornecedores da região serão beneficiados. É uma nova realidade que se abre para a economia potiguar”, diz o presidente do Distrito, Marcílio Torres.
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