Mais de dois meses depois de oficiar o grupo de Hotéis Pernambuco a realizar a restauração do hotel dos Reis Magos, na Praia do Meio, só agora começa a circular o teor do ofício da procuradora estadual Marjorie Madruga.
Depois de solicitar aos proprietários a restauração do prédio abandonado há anos, a promotora recebeu a resposta do advogado da empresa no Recife, João Vicente Gouveia, de que essa tarefa seria impossível dadas as condições atuais da estrutura.
Desconhecendo uma sentença de 2014 do juiz Airton Pinheiro, então na 1ª Vara da Fazenda Pública, que negou o pedido de liminar do Ministério Público Estadual para impedir a demolição do Hotel Reis Magos, a procuradora pediu o conserto da laje da recepção da extinta boate Royal Salute, que ficava dentro do hotel e desabou no mês passado.
Ouvido pelo Agora RN, João Vicente Gouveia lembrou que até o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), provocado pelo Instituto dos Amigos do Patrimônico Histórico e Cultural (IAPAC), deliberou há já um ano que o hotel dos Reis Magos não tem qualquer valor arquitetônico e histórico que impeça sua demolição.
“Mas como a mesma questão, a pedido do mesmo Instituto, ainda tramita nas secretárias de Cultura do Estado e do Município, estamos impedidos legalmente de pôr tudo abaixo”, acrescentou o advogado.
Na resposta à procuradora Marjorie Madruga, ele repetiu um argumento usado há anos pelo grupo Hotéis Pernambuco: “Não há como recuperar o hotel dos Reis Magos; sairia muito mais caro fazer isto do que demolir”.
Ainda segundo o advogado, a deterioração ali tão grande “que manter uma equipe de operários no interior do prédio colocaria em sério risco a vidas dessas pessoas”.
O Hotel dos Reis Magos cessou seu funcionamento em 1995. Foi quando a estrutura foi arrendado por empresários potiguares, que ficaram um longo tempo sem pagar os alugueis.
Há cinco anos, o grupo pernambucano ainda alimentava o projeto de construir no terreno um centro comercial modular, baseado numa praça de convivência. Ou seja, a estrutura seria levantada aos poucos de acordo com a resposta do mercado.
Hoje, segundo o advogado João Vicente Gouveia, o segmento imobiliário mudou tanto que só depois da demolição do prédio seria possível avaliar o que se poderá empreender no terreno.
Enquanto isso, continua valendo ali o que escreveu em sua decisão de 2014 o juiz Airton Pinheiro, então na 1ª Vara da Fazenda Pública, ao negar um pedido do Ministério Público para a recuperação do hotel.
“O que existe ali é um ninho de ratos, cobras e maconheiros, escoltados todas as noites por um séquito de prostitutas e travestis que lhe cerca os limites”, encerrou.
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